sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um ser orgânico de atos mecânicos, embalado pelos cânticos continuo monogâmico deste lado do Atlântico.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

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Uma conversa alegre e descontráida, foi a forma que tudo inicia, mas o assunto era seu charminho e suas esquivas de dar inveja a um pugilista. Durante muitos argumentos você coloca o dedo em riste diante minha face e me censura, sorrindo. Não resisto e interpreto como falácias que encobrem as entrelinhas de que o desejo é mútuo, assim entendo. Não estou ouvindo as incontáveis recriminações com um ar de sarcasmo típico. Para te interromper de forma que você não se afaste e perca esta proximidade que tanto me agrada, lanço um bote e detenho seu indicador mordiscando entre o meu sorriso. Começo a brincar ultrajante e marotamente com o nosso líbido.
Seus murmúrios incompreensíveis dizem que aprova meus atos e prossigo e caminho pela trilha feliz a bailar sem pressa a encontrar o feliz destino que é a união de nossos lábios. Há um momento mágico que fica entre o breve e o demorado, ao qual ninguém consegue definir assertivamente qual seria e para cada par é próprio e distinto. Onde o breve tira a expectativa e o demorado transpassa o ápice do desejo do contato. A urgência nunca presente, pois paradas em vários pontos não são compulsórias mas tremendamente prazerosas. Posso dizer que fora no limiar, pois mais intenso sinceramente não consigo imaginar.
Entre a satisfação e novas buscas percorremos a novas descobertas as quais sabemos onde tudo nos conduz sem um caminho determinado e definido.
Carícias, olhares, suspiros, vestes contorcem e dançam pelo ar, palavras sem sentido conexas ao contexto que nos rege sem marcações ou ordem. Meu dedos percorrem seu dorso tocando-lhe com o carinho e a virtuose de violoncelista em seu mais suntuoso solo de câmara. Percorrendo displicentemente do toque sedoso à rispidez das minhas garras. Provocando as notas que reverberam com o destino único deste ouvinte e a intesidade que varia proporcional ou inversamente proporcional. Quem está a reparar a estes detalhes? Seguindo o fluxo intenso de nossa paixão. Tudo muito rápido e cheio de detalhes que levariam décadas para descrever cada sentimento que emerge de cada ação.
De repente tudo para. A sensação é de que o universo faz uma breve pausa para testemunhar o momento único, posso garantir que a queda de uma pluma seria notada em meio ao silêncio. Nossos olhares conversam, mil palavras por segundo. As palavras emudecidas, palavras não verbalizadas, palavras do concentimento, palavras do que sim é o momento. Momento indescritível que só quem as vive entende, não há como traduzir em palavras. Nele tudo está inserido: a lascívia, paixão, sonhos, desejos, realizações. Sim agora somos como um único ser que pulsa com dois corações, duas mentes uníssonas no mais belo cântico que consigo imaginar.
Parece que em cada ação e desejo realizado sem tempo para deleitá-los partimos para o seguinte, a busca incessante do nosso "nirvana relacional". O ritmo compassado ou acelerado carrega significados impronunciáveis e desnecessários.
Paro por aqui minha manifestação pois não encontro palavras para descrevê-las e encerro dizendo que foi mais que tudo possa ser um dia entendido além do que alguém jamais vivenciou. O belo, o maravilhoso não podem descrever ou determinar. Pelo menos assim eu a considero.
Após esta exausta e satisfatória viagem quero ficar a conversar apenas com olhares novamente. Cúmplices pretéritos e presentes. Onde ficamos achando que sabemos o que se passa na mente de cada um, onde o porquê de cada dilatação ou mudança no tom da íris, até que eles se encerrem em sono profundo, quando já não estávamos neste estado anteriormente ou recomeçarmos os joguetes "sedutórios", satisfatórios e virtuosos ciclos.