terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Cortei meu Dedo

Cortei meu Dedo

O despertador toca, a música que me faz um pouco feliz por lembrar de alguém que
pode ou poderia ser especial.
Vou ao banheiro para o meu ritual de higiene cotidiano. Tudo tão automático que
estou distraído pensado em minhas ações futuras.
Foi quando vi algo preso na lâmina de barbear e, sem pensar, passei meu dedo
inadvertidamente e o óbvio ocorreu, cortei-me.
A dor seguida de um fluido vermelho a gotejar na pia branca.
Fiquei surpreso com o ocorrido, duplamente. Surpreso por me surpreender com o
fato de descobrir que eu sangro, sou mortal.
Parece incrível achar que não era mais humano.
Como a minha mente criou tamanha ilusão?
Enquanto tento estancar o sangramento com um chumaço de algodão começo a
refletir e buscar alguma explicação.
Talvez o fato de acumular funções que eram antes realizadas por três
funcionários faça eu acreditar que era uma máquina.
Talvez o fato de eu praticar Kung-fu, Musculação, Futebol e Corrida de Rua e
muitos profetizarem que eu sentirei o peso do excesso e, passados muitos anos,
nada me ocorrera até então, transmitindo
a sensação de que sou de aço.
Talvez minhas 'peripécias' sobre minha querida Bia, companheira e testemunha de
insanidades sem nenhum arranhão fizeram acreditar na minha imortalidade.
Talvez por eu evitar de chorar quando estou triste, ocultar meu medo quando
sinto o frio das minhas incertezas, mostrar força e impetuosidade quando na
realidade desejo o aconchego do colo de minha querida mãezinha.
Mãe heroína, como toda mulher nunca esqueceu do seu lado humano, Deus a fizeram
lembrar sempre todo mês que sangram.
Disto, posso presumir que mulheres sempre são mais sentimentais que os homens,
pois nunca se esquecem de ser humanas.
Demonstram carinho, sentimento, medo, sem vergonha de sua fragilidade.
Talvez fragilidade esta que a transformam em seres muito fortes.
Talvez elas percebam nosso dissimulado em ser fortes e deixam a nossa farsa
alimentar a vaidade masculina.
Pois necessitamos desta afirmação e elas abdicam por ter a certeza desta
condição.
Amarei, chorarei, verei o sol nascer, arriscarei, errarei,farei,simplificarei,
viverei e verei o sol se pôr...
Carpe Diem.

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