terça-feira, 9 de março de 2010

Quatorze mil RPMs e pensamentos a milhões.

Estou acelerando freneticamente para a Bia tomar um ar.
O sinal já está fechado mas acordar a cavalaria faz todos felizes.
Eu, a Bia e os expectadores que nos fitam.
Paro no farol e há dois garotos na calçada.
O menino diz:
- Tio, me leva para dar uma volta?!
Enquanto eu acelero e mantenho o espírito "vida loka" faço sinal que não tenho um capacete extra para fornecer e não há como burlar essa lei que é muito rigorosa.
Eles insistem e digo verbalmente o que havia gesticulado.
Conformados, pedem então que eu acelere.
Faço o que pedem sem a menor cerimônia e o meu show não é só aos meninos. Outros motociclistas estão a curtir e pedindo mais.
Termino minha sinfonia com uma queimada de embreagem e ainda pensando internamente em ter muito cuidado ao soltar o manete vou embora sem que consigam acompanhar minha disparada.
Muito refleti a respeito.
Os meninos estavam em dois com uma bicicleta muito antiga. Bem provável que seja de segunda mão ou até doada por alguém que havia esquecido no fundo de uma garagem por anos e anos e precisando de espaço resolveu se livrar da magrela.
Meninos muito simples e com brilhos infantis nos seus semblantes.
Até quando duraria aquilo, quando passaria a ser olhos de censura e julgando o velho playboy de quatro canecos?
Nunca, no instante que eu dei as costas?
Infelizmente na correria diária não há tempo para analisar a fundo.
O nosso mundo é muito injusto e desigual. Não sei o que posso fazer ou realizar para mudar isso.
O que posso fazer para que se mude os paradigmas nefastos do capitalismo que reina soberano?
Muita coisa precisa mudar, inclusive para que haja um amanhã para nossos filhos e netos.
O que levo por enquanto é ter proporcionado momentos de alegria aqueles garotos.

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