sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Combate.


Aprendi uma grande lição, melhor, dei um novo sentido em uma velha máxima no mundo das artes marciais que é o "cada luta é uma nova luta".
Tem um aluno na nossa academia, a Tai-chi de Santo André, que irá participar do campeonato do estilo em novembro na modalidade Sanshou(Sanda/Boxe Chinês) e eu estou servindo de sparring para o garoto. Ele precisa ganhar malícia de luta e rápido. Portanto a ordem era pegar pesado, sentir como é mesmo o ambiente de luta em campeonato. Pouco tempo atrás já havia feito outros tantos treinos com ele e havia uma diferença substancial entre nós.
Fui ali e havia muitos alunos novos e queriam assistir o nosso treino de combate que não é comum de todo dia, pois Kung Fu ainda a modalidade que predomina é os katis(movimentos pré-combinados). Claro que tudo isso motivou e o treino ganhou um clima de demonstração e tornou-se um "plus" para a atividade. O combinado era três rounds de dois minutos com intervalos de mais dois minutos.
Iniciado o primeiro round fui pra cima com vontade e foi flagrante a diferença. Chegou o fim do primeiro e estava descansando e já imaginando o que eu faria. Pois se eu tivesse ganhado por uma combinação básica deveria mudar para não ser surpreendido pelo meu oponente. Enquanto eu descansava outro professor da academia chegou ao meu companheiro e disse que pela sua maior envergadura deveria usar isso ao seu favor e que ele tem mais potencial do que estava demonstrando e muita conversa tipo livro de auto-ajuda.
Não é que o sujeito acreditou?
O sujeito veio com muita vontade, uma chuva de socos e pontapés. Nesse momento analisei a situação e estipulei a minha estratégia de luta. Eu decidi por me poupar até que ele acalmasse e sentisse o peso do seu exagero. Passado um certo tempo, percebi que seus movimentos estavam mais lentos e decidi que era a hora de derrubá-lo como uma lição de que não se deve ir com tanta vontade assim, pois o combate tem que ser administrado e conhecer os seus limites. Coloquei uma sequência de diretos e cruzados, terminei com um gancho em seu queixo e tinah encaixado perfeito. O inacreditável aconteceu, ele não caiu.
Nesse momento entrou o psicológico que eu sei que não devo ceder ou alimentar durante uma luta, mas cansado e diante da situação acabei enveredando por este caminho que é muito perigoso. Comecei a pensar que eu sou fraco, limitado e desanimei com não ter atingido o objetivo. Diante desse quadro, O cansaço e a fadiga começaram a ser marcante em meu corpo e foi o último minuto mais longo da minha vida.
Encerrei o combate ali, não dei prosseguimento para o terceiro e último round.
Eu achava que em menos de uma semana, ou até de um round anterior não teria tanta diferença em meu adversário. Dura maneira de aprender coisas novas.

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