Completarei, em breve, quatro anos que sou faixa preta de Kung-fu. Muita coisa aconteceu após a minha contemplação. A mais marcante dentro desta atividade foi o falecimento do nosso querido Grão-Mestre Lope Chiu. Faz e sempre fará muita falta. Além do que não houve uma transição e hoje vivemos alguns desmandos e disputas bobas de gente vaidosa e egoísta. Enfim, uma cópia fiel de nossa sociedade.
É com pesar que olho para trás e vejo uma grande regressão no desenvolvimento da nobre arte na minha pessoa. Há mil razões para o ocorrido. Algumas até previsíveis e esperadas.
A vida de um faixa preta sempre é cercada de assédios dos alunos e praticamente não sobra tempo para treinar a si. Nem física, muito menos técnica.
Some-se a isto o fato de minha faixa ter sido oferecida pelo meu mestre prematuramente. Criando um desconforto em outros faixas pretas e eu reconheço que não estava pronto para tal. Houve alguns que se afastaram e de certa forma se negam a ensinar-me o que sabem. Outros se preocupam em só apontar os erros dos meus movimentos, assim mostrar a todos que ele estava certo ao analisar meu despreparo.
Houve alguns que celebraram comigo, poucos e isto jamais esquecerei.
A verdade é que eu nunca liguei em ser faixa preta, era certo, natural e inevitável pelo fato de que a minha evolução levaria a este momento. Mas sempre tive o princípio de que a verdadeira evolução não é o reconhecimento de terceiros, a cor de um tecido na cintura que faz melhor ou pior que alguém. Por isso sou um dos que sempre vou repetir o dito de que a faixa só serve para segurar as calças, nada além. Só que há o outro lado da responsabilidade que agora eu carrego, serei exemplo e parâmetro a todos que ali chegam. Não tem como negar ou ignorá-lo. Se não estou 100% e acredito que comprometerei o treinamento, não bastará dizer aos alunos de que eu não estou legal. Que não executei o exercício pois estou com dores. O faixa preta é um símbolo de força, superação e estar acima dos males que se abatem num ser humano normal. Infeliz ou felizmente é assim e sempre tentarei transmitir aos próximos que virão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário