quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A pobreza da riqueza

"Em nenhum outro país os ricos demonstram mais ostentação que no Brasil.


Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram

sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da

modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às

vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito.

Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto

eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões,

desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de

muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de

guardas que se revezam em turnos.

Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes

oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite

para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam

freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os

olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados,

cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer

escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista,

sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar

até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre

rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho

de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um

susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro

de casa.



Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que

acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o

patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que

os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar

dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas

riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.



No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável

do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza

ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de

perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade

hostil e ineficiente.

Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se

hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores

da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta,

portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela

vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.



Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade

de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os

ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços

dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa

quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa

riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam

abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os

latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a

riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o

peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.



A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na

cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos

abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que

seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa

produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba

manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não

sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos.

Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem

educados.



Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram

viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao

comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que

precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda

saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos

hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de

casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar

ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.



Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza

é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito

tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites

brasileiras.



Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos

pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em

direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os

trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e

implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de

professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria

uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza

e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.



Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a

triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas".



A verdade nua e crua é que o homem é um ser social egoísta, na pior acepção da


palavra.

Conheço vários casos em que a pessoa fala em trabalhar com dedicação e afinco,

crescer por méritos. Não se prostituir ou fazer o velho joguete de agradar para

obter sucesso e glória, mesmo que não seja atingido o objetivo almejado. Só que

o mesmo que fala citando as mais belas passagens morais e ideológicas da

Revolução Francesa, trai suas falas na primeira oportunidade sem pudor ou

constrangimento. Assim somos nós.

Por várias vezes eu disse quando a URSS caiu, que o sistema capitalista também

está falido, teve seu propósito. Claro que acho vários que discordam. Alguns

ainda dizem que faltam ajustes para que a economia de capitais seja perfeita e

muita conversa fiada.

O socialismo é o mais belo conto de fadas e o capitalismo é o mais racional.

Só que ambos não consideram a principal essência humana que é a ambição e o

individualismo.

Partindo para o lado espiritual da coisa, creio que este seja o maior desafio, a

missão, o propósito maior da humanidade. Olhando por esta ótica, é uma missão

mega-hiper-ultra-hercúlea uma vez que temos como base o cristianismo, que fala

que aqui estamos pagando nosso pecado orginal. Tatara-tatara- tatara- tatara-

tatara- tatara- tatara- tatara- tatara- tatara- tataravós de #@!%#*#@!

Nenhum comentário: