quarta-feira, 13 de março de 2013

Rodo Cotidiano.

Hoje, começo da noite, pegando o metrô para retornar à Santo André.
A estação República, muito movimentada, além do normal, vou até o fundo, linha vermelha.
Escadas rolantes desligadas mostram que há algo de errado, ou seria o certo, o mais habitual
é encontrá-la com problemas.
Dou meia volta e irei peregrinar por duas linhas, a amarela e a verde.
Enquanto eu aguardo a composição, aproxima-se de mim um simpatíssimo casal de idosos e
a senhora perguta "desculpe, moço, como faço para chegar na rua Santa Cruz?".
Pergunta simples, resposta complexa. Na verdade teria que começar a responder com uma nova
pegunta, em que altura da Rua Santa Cruz ela deseja chegar?
Bom, digo que a resposta é longa e de que o primeiro passo é acompanhar-me até o vagão
que acaba de estacionar.
Há duas opções, ou segue pela linha verde e desce no Alto do Ipiranga, ou pega a linha azul
e desce na estação Santa Cruz.
Ela não sabe me responder ao certo o número e nem ao certo se é nesta rua ou em uma de suas
travessas.
Solícito e, principalmente, paciente com a senhora um tanto confusa, auxilio como posso e eis
que ouço um comentário:
- Você é muito bonzinho, só podia ser japonês, você é do Japão?
Isso cai como um balde de água fria. Pois estou como um legítimo cidadão paulistano, ajudando
um desconhecido, assim como gostaria de ser ajudado por outro cidadão.
Engulo meu desânimo e cara de decepção e continuo a tentar ajudá-los. Eis que aparece outro
personagem, um rapaz de uns 25 anos e diz:
- Desculpem-me, mas não pude deixar de ouvir a conversa e como vou descer na Ana Rosa, eu
posso ajudá-los a chegar ao Oftalmologista que procuram.
DEUS pai todo glorioso, muito obrigado!
Seja lá quem seja a pessoa que responde por essa "alcova"...
Abro um sorriso e, bem beixinho, digo a boa velhinha:
- Viu, há pessoas boas em todo lugar, idependente de raça e cor.
Vou seguir viagem até a estação Tamanduateí e despeço-me do casal e agradeço a ajuda do
rapaz. Ele nem sabe que o agradecimento foi o de mostrar que longe de algo isolado, externo a
nossa realidade, temos sim muita gente descente que está ali pronto para ajudar o próximo.
Ajudar em muito na minha mensagem de que este país tem jeito, basta acreditar e trabalhar
para isso.

"Sou mais um no Brasil da Central
 Da minhoca de metal que corta as ruas
 Da minhoca de metal
 É... como um concorde apressado cheio de força
 Que voa, voa mais pesado que o ar
 E o avião, o avião, o avião do trabalhador"
Rodo Cotidiano - O Rappa

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