Após duas semanas ainda é difícil desenhar o que
representa e onde poderá chegar.
O MPL anuncia o fim das convocações das
manifestações. Só que várias outras estão a acontecer movidos por anônimos(nos
dois sentidos) e com outras causas nobres que o cidadão ciente de seu papel
cívico deve assumir.
Há uma tentativa de nortear o movimento popular que
foi colocado cinco tópicos, exclusão da PEC37; saída de Renan Calheiros da
Presidência da Câmara; Fim do Fórum Privilegiado aos Políticos; CPI rigorosa
dos gastos públicos nos Estádios da Copa; PEC que caracterize corrupção como
crime hediondo.
Os que envolvem diretamente os deputados, creio
beirar a utopia. Bom, mas como diz o célebre escritor Eduardo Galeano, a utopia
é o que nos move adiante*.
Agora, o movimento começa a despertar alguns
conflitos ideológicos, normal mas temeroso. Pois há muitas causas envolvidas e
pluralidade de motivações que levaram os brasileiros a protestar. Agora cada um
quer que a sua causa seja o foco. Há também oportunistas de plantão que só
querem bagunça e saquear, infiltrando no meio da multidão. Há, também, partidos
políticos tentando deixar a sua marca, arrebanhar alguns e – com toda certeza –
amanhã utilizar as imagens para sua auto promoção.
Destaco a Rádio Estadão, principalmente seu locutor
matinal Haisem Abaki, que
ouço hodiernamente há anos e sempre muito coerente, imparcial e com tiradas
engraçadas alegram a minha manhã. Ele foi o único jornalista que não cravou
nenhum julgamento pejorativo ao movimento desde o início. Ponderou e disse que
preferiria aguardar os acontecimentos para melhor entender os motivos e as causas defendidas.
A grande luta de momento é segurar meu ímpeto, meus devaneios e desejos.
Difícil não ficar a viajar projetando o que o futuro desta nação nos guarda.
Expectativas que espero que sejam superadas, mas só com paciência e muito
tempo.
* “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo
dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre
dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a
utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
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