quinta-feira, 2 de julho de 2009

Fade to Black

Não lembro de tudo, curioso perceber que partes do acontecimento foram muito rápidas e outras passaram pausadamente com riqueza de detalhes.
O agressor vem em minha direção portando uma lâmina e a desfere rapidamente sem poder esboçar qualquer reação. Na realidade enquanto sofria a agressão os pensamentos estavam voltados para o que sentia a cada golpe. Como era doloroso sentir as perfurações e o sentimento de impotência de salvaguardar minha integridade. O aço frio era deveras incômodo além de sentir cada imperfeição que ela possuia e a dor da resistência de meus tecidos em seu caminho fazia quase desejar que facilitasse seu intento. Os instantes que se seguiram pareciam não ter mais fim.
De repente do mesmo modo que iniciara encerrou-se e meu algoz parte deixando meu corpo a agonizar. Logo após a raiva, a vingança ainda tomam minha mente e cede espaço para o medo pois as dores crescem e constato a falência que se apodera do debilitado corpo. A agonia aumenta pois agora começo a engasgar em meu próprio fluído vital, fluído este que encontro-me banhado por ele. Sinto sede mas tenho ciência da condição que me encontro, se uma boa alma ofertasse um copo de água não adiantaria, a desagradável sensação de estar com a boca cheia desse líquido que outrora correra em meus vasos já tentei engoli-lo sem sucesso. Tento expelir tossindo mas a tentativa de respirar aumenta o meu tormento. As imagens distorcem e vão esvanecendo junto com a minha vida, é o que aparenta. Meus dentes estão batendo freneticamente é frio que estou sentindo, contrastando com o suor gélido que se mistura com os demais dejetos. Os desconfortos acumulam-se e traz o pensamento de que o fim seja célere. Uma lágrima surge por uma parte ainda ter muita vontade de realizar experiências neste plano. Estou apavorado, à espera de que um milagre aconteça para salvar-me. Mas algo diz que o inevitável se instaura de forma permanente.
Começo a olhar tudo atentamente à procura de não sei ao certo o que seria. Todos os meus sentimentos partem como magia e dá lugar para uma serenidade, uma sensação de paz e tranquilidade. O torpor toma meu sofrimento e parece até que não pertenço mais àquele dteriorado invólucro prestes a perecer. A escuridão dá lugar a uma luz confortante, passa a impressão de que ela acaricia meu rosto e sem palavras diz-me que tudo ficará bem. Confio plenamente e simplesmente entrego-me para repousar sob sua proteção.
Conjecturo por vários caminhos que aprendi em minhas andanças. Simples sonho, sonho précognitivo, vidas passadas, memórias de outro ser que sofrera, acessos akashikos, delírios, muitas hipóteses que não importam muito.
Só digo que foi inesquecível.

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