As apostas foram altas e os credores implacáveis.
Sem opção, parto para o meu refúgio.
O que está aqui não faz parte de meus débitos.
Cristalizei meus momentos e assim manterei
para todo o sempre ou até que possa ter certeza
que nada mais será tomado de mim.
Nada posso revelar pois não arrisco que minhas
lembranças imaculadas sejam contaminadas.
Tudo ilusório aos seus olhos pode transparecer.
Ignoro pois aqui eu voo feliz pelos memoráveis
momentos mágicos de minha vida.
Onde a saudade não existe, pois estou imerso
pelos odores secretos da vitória, a maresia,
jardins regados pelo orvalho. Ouvindo sussurros,
a chuva tonante, a melodia. Apreciando traços
perfeitos banhados pela penumbra.
Eterno ali não posso permanecer e o retorno
sempre carregado de pesares. Pois os grilhões
se instalam e proibitivo alçar qualquer voo.
Renovado, prossigo pois aqui sou limitado e
ciente de que independe de meu esforço ou
minhas ações.
Só resta a esperança que nem ao certo sei o
que posso ou desejo esperar dela.
Vagando entre os dois mundos permaneço até
que finalmente possa conciliá-los.
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